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quarta-feira

Vou começar meu relato partindo de Osório. Onde realmente começou meu passeio, logo após o almoço.

Na Estrada do Mar, no Posto Km1 encontrei com os grandes parceiros Rogério e Alexandre. Conversamos e colamos os adesivos nas motos.

Seguimos via Palmares do Sul. Passamos pelos “cataventos”, um grande campo de geradores de energia eólicos. A primeira parada foi na saída para o acesso ao Farol da Solidão, quando tivemos que enfrentar nosso primeiro trecho de areia solta. Um pouco de falta de equilíbrio no início devido o peso das malas, mas logo peguei o jeito.

Sustos freqüentes e muita força nas pernas para segurar as motos quando elas insistem em cair. Rogério que o diga, nenhuma experiência com areia, pilotava com extrema cautela. Tínhamos que aprender a dominar as motos de qualquer forma, pois muita areia estava por vir ainda.

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O farol da Solidão é muito bonito, no inverno praticamente deserto. Havia apenas algumas humildes casas de pescadores. Seguimos até Mostardas onde visitamos o Ibama para pegar informações turísticas. Recomendaram-nos ir ao Farol de Mostardas por uma trilha que passava no meio da lagoa dos peixes. Perguntamos se o acesso seria melhor ou pior que o da praia de Solidão. Informados que seria melhor não pensamos duas vezes e rodamos mais alguns quilômetros até o acesso.

Que ironia, quase fui pro chão nos primeiros metros de areia, depois de já ter rodado mais de 400km no dia. Passamos ainda mais trabalho nesse acesso. Após alguns quilômetros descobrimos que a lagoa estava com água sobre a trilha.

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Tivemos que voltar e não conseguimos ver os Flamingos que eu tanto queria. Na volta ao derrapar sobre uma grande poça de água quase indo para o chão resolvi passar a próxima pelo meio, levei um grande susto ao perceber a profundidade, porém não tinha mais volta, atravessei em segunda marcha e giro bastante alto.

Voltando para a rodovia principal fomos direto � Tavares em busca de um forte Jato D’água, pois havia muita areia em nossas motos. Não encontrando passamos apenas uma água de mangueira mesmo.

Fomos para o Hotel esticar um pouco o corpo e tomar um bom banho quente. Uma hora depois fomos conhecer aquela pacata cidade, bastante limpa e organizada, melhor que o esperado.

Tempo de Pilotagem: 5’27”
Velocidade Média: 82,5km/h
Rodados no Dia: 450,50km
Parcial da Viagem: 450,50km

quinta-feira

Acordamos cedo e fomos direto a uma lavação para realmente tirar a areia das motos, abastecemos e saímos da cidade. Estava frio e com um pouco de neblina.

Era uma reta interminável, uma rodovia cerca de 2 metros acima do resto do terreno, este que é uma grande planície forrada de granjas de arroz e madeiras de reflorestamento. O transito de veículos é pequeno, quase exclusivamente caminhões, na sua maioria bi-trens carregados de cereais ou toras de madeira.

A rodovia é uma fina camada asfáltica, com perigosos buracos, principalmente nas bordas das rodovias, onde crateras são capazes de engolir uma motocicleta por inteira.

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De repente, como já esperado o asfalto acaba e a areia toma o restante da rodovia, aparentemente estávamos sobre um trecho um dia asfaltado (2km), porém o asfalto simplesmente se desmanchou. Vi que a BR101 trecho sul ainda pode ser considerada uma boa rodovia em relação � BR101 trecho Extremo Sul.

Estávamos definitivamente na estrada do inferno. Mas nem era tão infernal assim (mais tarde nos informaram que a estrada estava em um de seus melhores dias), para quem já tinha encarado os acessos para os faróis. Foram 20km de areia, cansativos sim! Algum sustos, sem dúvidas. Tive que parar algumas vezes para respirar e conseguir controlar minha moto novamente. Mas em geral eu rodava acima dos 70km/h, sempre em alto giro evitando derrapagens.

O que dificultava era quando entrávamos muito rápido em determinadas curvas, pois seguíamos dentro das “valas” abertas pelos caminhões e 4×4 que passam pelo local, quando a dianteira começa a “comer” as bordas querendo sair da vala altera muito o equilíbrio da moto, até que a moto começa a “pinotear” fazendo com que paremos para poder reassumir o controle.

Aquela região ainda está em obras e o asfalto sendo construído de maneira muito trabalhosa. Portanto quem quer sentir essa aventura na pele recomendo ir logo.

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Voltando para o asfalto tínhamos cerca de 25km até São José do Norte, o asfalto novo é extremamente abrasivo, áspero. Passei quase todo percurso imaginando quantos metros minha jaqueta agüentaria rolando sem rasgar em uma rodovia daquelas, com certeza muito pouco.

Chegamos a São José do Norte as 11h00 da manhã. Buscamos direto pela lancha que levaria nossas motos para o outro lado, pois a balsa só sai � s 16h00. Motos nas lanchas e algum receio sobre a forma de amarrá-las seguimos para rio grande ao meio dia.

Em Rio Grande avistamos logo a galera de Pelotas, que vieram para nos recepcionar. Foi aquela festa… Fizemos um “tour” rápido pela cidade e fomos almoçar. Pessoal muito gente fina, receptiva. Conversamos, descontraímos e descansamos.

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Acompanharam-nos até os molhes de Cassino, onde nos despedimos ficando apenas o Rodrigo, que cuidou de nossas motos e malas enquanto estávamos 4km mar adentro andando nas tradicionais vagonetas movidas a vela. Infelizmente não havia vento e o vagoneteiro teve que nos levar empurrando a vagoneta mesmo.

Seguimos para o Navio Altair, eu, Rogério, Alexandre e Rodrigo, um grande navio afundado que fica na praia � 30km do centro. Fotos e a moto do Rogério no chão. Nada de grave, apenas um retrovisor quebrado, o tripé afundou na areia mesmo com o tradicional “taquinho” sob ele.

Voltamos, e fomos arranjar um hotel para passar a noite. Acabamos ficando com Hotel Atlântico que nos fez um bom preço depois de um chorinho. Despedimos-nos de Rodrigo que prometeu um churrasco “gaudério” no sábado quando passaríamos por Pelotas.

Tempo de Pilotagem: 3’08”
Velocidade Média: 63,4km/h
Rodados no Dia: 199,52km
Parcial da Viagem: 650km

sexta-feira

Acordamos as 6h00 para sar cedo de Cassino. Fomos direto para o Chuy. Muita neblina na estrada, pouca visibilidade, e muito frio. Mas é claro, não podemos esquecer de registrar o Taim no caminho! Que área linda! Pena que a neblina não nos deixou ver muita coisa, mas deu para bater algumas fotos.

Eram 11h00 quando chegamos ao Chuy fizemos um rápido tour pela cidade e almoçamos um belo X-Salada, que acabou se tornando nosso principal alimento até a volta para casa. No almoço aproveitamos para ver o que faríamos dali em diante, pois não havia nada programado.

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Resolvemos seguir até Punta Del Diablo para passar a noite.

Conhecemos a Barra do Chuy e Arroio do Chuy, mas não conseguimos encontrar o marco do ponto mais ao sul brasileiro, e não estávamos com vontade de andar muito sobre areia devido o cansaço da estrada do inferno.

Enfim seguíamos para o Uruguai… Nenhum problema na fronteira, e como diz o Rogério: “Quanto menos falar melhor”. Logo no início uma placa de 110km/h e nenhuma curva… Parecia o céu.

Primeira parada no Uruguai foi � Fortaleza Santa Tereza. Muito grande! Bastante semelhante � s de Florianópolis, mas como todo forte/fortaleza é uma rápida parada para fotos, uma olhada e pé na estrada novamente.

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Punta Del Diablo! Senti-me chegando ao Farol de Santa Marta (SC), porém com um toque Uruguaio. Praia pacata, simples, chalés mobiliados a partir de R$15,00. Batemos as tradicionais fotos da maior beleza “do diabo”, as inúmeras pedras. Rogério achou a praia meia “depressiva” devido o baixo movimento, então abrimos novamente o mapa, agora com a ajuda de um turista e jornalista de Pelotas, este que conhecia muito bem o país.

No nosso caminho havia algumas praias, nada tão belo quanto “Del Diablo”, Castillos, 19 de abril e Rocha. Como as duas primeiras eram pequenas, fomos direto � Rocha conhecer uma cidade uruguaia de verdade.

Chegamos depois das 18h, o que fez com que passássemos algum frio na estrada de uma única reta, paisagem sempre igual. Algo nos chamou atenção logo na entrada: muitas motos (ou quase isso), diversas motos até 200cc e muitas lambretas e “bicicletas motorizadas” fazendo todo tipo de barulho.

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Hotel em frente � praça central, motos guardadas e devidamente cadeadas (mesmo sendo informados que o povo de lá é muito honesto é bom sempre se garantir, afinal estamos acostumados com o Brasil onde ninguém é dono de nada). Banho tomado e fomos jantar. Cardápio na mão e sem entender nada, comecei a questionar o que seria cada prato, ao perguntar ao garçom se algum deles tinha arroz, ele me olhou de um jeito estranho e preferi deixar para lá. Descobri que “Chivito” é o nosso X-Salada acompanhado de um Nortenã Escura, afinal as motos estavam no hotel.

Tempo de Pilotagem: 5’33”
Velocidade Média: 79km/h
Rodados no Dia: 439,28km
Parcial da Viagem: 1.089,3km

Sábado

Era hora de começar a voltar para casa, arrumamos as malas e fomos tomar um café da manhã, bem menor que o do hotel de Cassino, porém deu para enrolar a fome.

Estava chovendo e meu pneu dianteiro acordou murcho, seguimos para o posto onde calibramos e abastecemos cinco litros de gasolina, o suficiente para chegar até no Chuy novamente.

A estrada dos céus já não era mais tão linda, as retas cansavam. Abandonamos a velocidade média de 90 � 110km/h de toda viagem e passamos para 105 � 120km/h. Chegamos no Chuy � s 10h00 como esperado. Deixamos as motos em um posto no lado brasileiro um pouco mais afastado do centro de compras, pois fronteira é terra de ninguém e normalmente a criminalidade é alta.

Fomos � s compras, bebidas, perfumes e equipamento para camping estão em alta (ou seria em baixos preços?) Johnnie Walker Black por $24,00 e o Blue por $120,00. Vinhos chilenos a partir de $3,00 e os bons de verdade na média de $15,00. Amarula, Absolut, Sheridans, Frangélico tudo abaixo de $10,00. E assim vai… Minha moto ficou 8 litros, 3 perfumes e 1 colchão inflável mais pesada. Ahh, já ia esquecendo 1kg de dolce de leche Conaprolle (me falaram que eu não poderia sair sem ele de lá).

Rogério também se divertiu principalmente nos brinquedos (Barbie) para sua filha e doces importados. Apenas 3 caixas enormes de alfajor e outras coisinhas mais… Os Freeshops de lá são muito interessantes, vale a pena conhecer!

Como me adiantei um pouco fui para as motos, afinal teria algum trabalho para re-alocar minhas malas e fazer caber as compras todas sobre duas rodas. Logo em seguida vieram Rogério e Alexandre, dei uma força para ajeitar as cargas deles, e coloquei meu colchão inflável na moto do Alexandre que estava mais leve.

Seguimos para almoçar na mesma lancheria do dia anterior, descansamos, abastecemos e seguimos para Pelotas, levei alguns quilômetros para me acostumar com o novo peso e estabilidade.

Detalhe que enquanto fazíamos compras não chovia, foi só subir nas motos que água começou a cair.

Já havia calibrado o pneu 3 vezes nesse dia, realmente estava furado e o “tapa furo” não funcionou. Depois do Chuy foram cerca de 240km até Pelotas, ao abastecer e calibrar percebi que estava com apenas 5 libras. Não tinha jeito, teria que arrumar.

Liguei para Rodrigo informando que estávamos a poucos quilômetros da entrada de Pelotas, queríamos o prometido churrasco é claro que já estava tudo organizado. Ele também nos arrumou uma câmara de ar (que troquei em uma borracharia anexo a um posto BR) e um hotel bastante econômico, que caiu como uma luva em nossos bolsos.

Novamente, cerca de uma hora para banho e descanso, Rodrigo nos pegou para irmos ao Churrasco no posto do Luiz (parceiro de FalconOnLine assim como Rodrigo). Muita Picanha, Lombo Suíno e Coca-Cola. No churrasco estava além de muitas outras pessoas o Sr. Henrique (Presidente da AMOPEL – Associação Motociclistas de Pelotas) uma figura � parte, veterano estradeiro que conhece as maiores figuras do motociclismo brasileiro.

Antes da meia noite estávamos no hotel esticando o corpo.

Tempo de Pilotagem: 4’37”
Velocidade Média: 87,4km/h
Rodados no Dia: 403,68km
Parcial da Viagem: 1.493km

Domingo

Dormimos um pouco mais, e cerca de 8h30 estávamos saindo de Pelotas. Sempre com atenção, para não termos surpresas desagradáveis. Tive que fazer uma parada extra pois meu ciclo-computador não estava contabilizando os dados depois que desmontamos a roda dianteira.

Rodovia, reta, caminhão, reta, reta e reta; foi assim por quilômetros. Por volta das 10h30 paramos para um café da manhã, dei preferência para líquidos, foi uma parada rápida e logo estávamos na grande Porto Alegre.

Nos últimos quilômetros meu marcador de gasolina informava “tanque vazio”, porém insisti em rodar. Ao abastecer depois de 260km rodados entrou 14,7L de gasolina no meu tanque, ou seja, mais alguns quilômetros a moto parava.

Pouco mais de meio dia já estávamos no posto Graal da FreeWay, íamos almoçar mas deixamos para lá, apenas me hidratei um pouco e seguimos.

Chegamos a Osório � s 13h20, o dia todo debaixo de chuva (fraca � moderada). Minha máquina ficou sem bateria justo na hora de bater minha foto.

Seguimos pela estrada do mar até o trevo de Capão da Canoa onde nos despedimos de Rogério, era 14h00 quando o dia virou noite, poste com lâmpadas acesas e carros com faróis ligados.

Alexandre ficou de me acompanhar até Torres, evitando assim os radares. Foi só subirmos nas motos que peguei um dos meus piores temporais sobre 2 rodas. Alexandre seguia me guiando cerca de 50m na minha frente, eu quase não o via. Nesse tempo não teria como ver pardais, e como ele é experiente na estrada do mar foi um ótimo guia.

A chuva era grossa mesmo, gotas que pareciam quebrar a viseira. A rodovia virou um rio. Foi assim até Torres, onde de repente no ultimo quilômetro um lindo sol. Nos despedimos, peguei o colchão inflável que estava com ele, tomei mais uma água de coco e segui para casa com muito sol (Alexandre teve que voltar pela chuva). Cerca de 50km de BR101 em SC já estava com o equipamento lavado e seco. Abasteci em Sombrio e antes das 17h00 já estava em Criciúma descansando.

Foram 2.100km rodados sem contratempos (além de meu pneu). O fato de vencermos a areia sem nenhuma queda foi motivo de orgulho e grande ganho de experiência. Nós três mal nos conhecíamos e já tivemos bastante afinidade e temos mesmo estilo de pilotagem. Que venha a próxima!

Tempo de Pilotagem: 6’07”
Velocidade Média: 93,6km/h
Rodados no Dia: 572,50km
Parcial da Viagem: 2.065km

Tempo total de viagem: 18’52”
Distância Total Percorrida 2.095km

Obs: Velocidade, Tempo e Distância contabilizada pelo ciclo-computador. Os tempos são de roda girando, ou seja, quando a moto está parada ele para de contabilizar.

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