Minha vida sobre 2 rodas.
25 ago 2009
Minha história começa como a de muitos outros motociclistas, uma vida agitada e a necessidade de sair do comum. Em 2006 adquirà uma NX4 Falcon e aos poucos comecei a viajar, até que as viagens se tornaram frequentes e mais distantes. Sempre mostrando as fotos das viagens ao meu pai, Idalino Bonotto e insistindo para que ele também utilizasse a moto. Um determinado dia ele resolve pegar um veÃculo de duas rodas para passear, porém o veÃculo escolhido foi o da minha irmã de 15 anos, uma bicicleta simples. E os passeios dele também começaram a se tornar frequentes. Adquiri uma moto maior e ele uma bicicleta melhor.
Nunca desistà de incentivá-lo a viajar, até que em abril deste ano ele me chama para uma reunião junto a um amigo para traçar um roteiro de viagem. Destino: Montevideo, Uruguay.
Para mim foi uma grande surpresa ele resolver passar alguns dias fora, em viagem. E uma surpresa ainda maior ao perceber o a alta quilometragem que seria realizada e o prazo de tempo curto. Logo nesta reunião detectamos um grande problema, a viagem teria média aproximada de 200km/dia a ser pedalado e o condicionamento fÃsico dos integrantes da viagem não suportaria o peso das roupas junto à bicicleta.
Problema resolvido, vamos com carro de apoio. Fui escalado para a função. Pensei, analisei e cheguei a conclusão que era possÃvel viajar de moto e dar apoio ao mesmo tempo.
Tudo certo então. Presentes na viagem o pai, Idalino Bonotto; Ubirajara Pickler (Bira), seu filho Diego Pickler e eu, Cleber Bonotto. Modo de comunicação seria o celular. Na mala segunda pele Solo, roupas casuais, higiene, supementos de carboitratos, repositores eletrolÃtico, jaquetas “quebra-ventoâ€, 2 pneus reserva. Cada ciclista tinha como responsabilidade levar 1 peça de roupa para caso o apoio (eu) não chegasse em alguma noite, camaras de ar, canivete de ferramentas para ciclismo e bomba de ar. As bicicletas seriam do estilo MTB com pneu fino equipadas de ciclocomputador farol de alta intensidade (comparável à farol de moto) e lanterna traseira de alto brilho.
A partida que seria de Criciúma/SC alteramos para Torres/RS devido o grande risco de pedalar em meio as obras da BR-101 trecho sul.
25 de abril, o trio de ciclistas acorda cedo e se dirigi à Torres, onde as 7h da manhã começa a pedalar pela estrada do mar. Minha saida foi mais tarde, por volta das 10h30. Enquanto eu almoçava em Torres eles almoçavam em TramandaÃ. Cruzei com eles no Túnel Verde, ponto turistico entre Imbé e Palmares do Sul. Ao chegar em Palmares do Sul coincidentemente estava acontecendo um pequeno churrasco entre motociclistas, onde comparecà e reencontrei velhos amigos do motoclube Pé de Vento (Osório/RS). Por volta das 17h chegaram o pai, Bira e Diego na maior felicidade pelo primeiro dia pedalado e as cidades conhecidas. Fomos ao hotel, e após saimos para uma caminhada e janta acompanhada de vinho na pequena cidade.
26 de abril, novamente os ciclistas acordaram cedo, as 8h já estavam na estrada, eu saà 2 horas após com muita calma e tranquilidade por 50km.
Ao ver uma placa que indicava Farol da Solidão, me desviei do percurso e fui ver essa maravilha. Ao sair da rodovia senti o peso das malas que estavam na minha garupa nos primeiros 100m, com muita areia solta tive dificuldade em controlar a dianteira da moto, mesmo mantendo giro alto. Foram alguns quilometros de dificuldade e adaptação. Era minha primeira vez na areia com a XT660, e ainda mais com o parabrisa recém instalado. Conquistei a confiança em mim mesmo de pilotar em pé e em velocidade maior. Foram 7km de areia até avistar as primeiras casas de madeira, rusticas, sem pintura em sua maioria de pescadores. No meio do “nada†moram cerca de 30 famÃlias e as outras poucas casas são de veranistas.
Vontando à BR101 ou RS101 cruzei com eles percebà que estavam um pouco atrasados em relação ao esperado, não sei se erramos nas distâncias ou se o vento tirou parte do desempenho deles, mas antes do meio dia cheguei à Mostardas, cidade combinada para o almoço e calculei a chegada deles as 14h. Tive tempo para conhecer alguns pescadores e visitar praticamente toda a cidade. Ao passar o horário estimado passei a ficar preocupado, necessitando de um contato via celular. Tudo certo, o atraso se deu à 2 paradas para conversar com uma ciclista e um grupo de produção independente de documentários. As 15h chegaram com fome ao restaurantes que estava aberto apenas para nos esperar.
Descanso no centro histórico da cidade… mais alguns quilometros até Tavares, cidade escolhida para passar a noite. Tavares é uma cidade pequena há apenas 1 um hotel bom então nem preocupei em pesquisar, fiz as reservas e comecei a andar sem rumo pelas ruas conhecendo as pessoas e a cidade.
Assim que todos chegaram conversamos bastante tempo com o proprietário do hotel que também é guia turÃstico na Lagoa do Peixe, local que não foi possÃvel conhecer neste dia devido o horário. Jantamos pizza e tomamos vinho.
27 de abril, ficamos com a chave da cozinha do hotel, onde havia café da manhã pois a copa só abriria as 7h e nós sairiamos antes. Confiança que só consegue-se em cidade pequena. Café da manhã reforçado de ótima qualidade e pé na estrada. Assistà o nascer do sol no trevo de acesso a Tavares alguns minutos após os ciclistas terem passado.
Enquanto eles pedalavam sentido São José do Norte, fui fazer turismo e conhecer a Lagoa do Peixe na esperança de cruzar com Flamingos, aves que me encantam muito. Voltando alguns quilometros sentido Mostardas. Novamente areia, agora já mais confiante conseguà escapar de algumas quedas, sempre pelo mesmo motivo: perda de controle da roda dianteira. Na Lagoa do Peixe conseguà ver de longe alguns Flamingos e diversas outras aves, não menos importantes.
Segui pela trilha rumo o Farol de Mostardas, em um determinado ponto abandono a moto no meio daquilo que eles chamam de estrada e subo sobre uma dunas de areia. Foi uma experiência incrÃvel, estar no meio do nada. Ao meu redor apenas minha moto e muita areia moldadas pelo vento, sem a presença do homem para danificar estas tão lindas formas.
Junto ao Farol mais uma pequena vila semelhante a vila da Solidão. Conversando com os pescadores resolvo seguir pela beira-mar até a próxima vila, o único ponto de referencia seria uma sequencia de arvores, não foi dificil encontrar a saida pois haviam marcas de Bug e 4×4 na orla marÃtima. A saÃda da orla não foi nada fácil e o trajeto por este lado estava menos conservado que o outro, muitas derrapagens, moto atolada e dificuldades fÃsicas para ultrapassar todos os bolsões de areia. Me senti feliz ao chegar novamente na rodovia, pois meus musculos estavam bastante doloridos.
Segui em velocidade de cruzeiro para a XT660 até encontrá-los. Por coincidencia foi em meio a um trecho de terra e pedra devido manutenção na rodovia, solicitaram-me um pneu reserva que estava na moto pois já haviam furado 2 camaras na bicicleta do Diego e não gostariam de correr o risco de ficar sem camaras seria melhor então trocar o pneu por um melhor. Aguardei alguns minutos e seguà atrás de água pois eles estavam sem.
Cheguei a São José do Norte por volta do meio dia, teria até as 14h para almoçar, horário que sairia a balsa. Tempo para conhecer bem São José do Norte. Meu almoço iniciou as 13h30 e os ciclistas chegaram as 13h50. Tivemos pouco tempo para conversar e fiquei responsável por encontrar um hotel.
Ao chegar em Rio Grande, fui direto à autorizada Yamaha trocar o óleo e fazer algumas revisões. Era próximo ao final da tarde quando Pai, Bira e Diego chegaram na oficina. O hotel escolhido estava a 1 quadra dali. Saimos para caminhar, estavamos todos nervosos quanto ao dia seguinte, seria mais de 200km sem um restaurantes, com poucas casas e quase nenhuma infra-estrutura. Escolhemos um bom restaurante para comer muita massa.
28 de abril, Idalino e turma levantaram ainda de madrugada, enquanto eu dormia. Me programei para sair 3h após eles, já era 8h30 quando abastecÃ, comprei alguns litros de água e seguà para cruzar com eles. Pois logo estariam sem água. Cruzei 10km antes do Taim, combinei de aguardá-los em frente no primeiro local que tivesse pessoas.
Posto Ambiental da Reserva Ecológica do TAIM, conhecemos o Museu do TAIM, conversei com a polÃcia ambiental e conhecà mais sobre a região. Logo eles chegaram para abastecer as caramanholas e conhecer o museu. Atravesamos a Reserva juntos fazendo várias fotos.
Após o TAIM seguà atrás de um local para almoçar, tarefa árdua essa. Na única lancheria tentei convencer a cozinhar algo, mas não foi fácil. Tive a sensação de que eles queriam me mandar embora. Mas devido a situação, meio que contra gosto os convenci a cozinhar um arroz branco, que comemos com algumas latas de atum, queijo fatiado e pão que tinhamos comprado na noite anterior.
Seguindo em frente, parei no próximo posto de gasolina que ficava a vários quilômetros dali. Ali aguardei por horas até que cansados os três chegaram. Pausa curta para tomar água, fazer massagem e logo estavam na estrada novamente. Trinta minutos após foi minha vez de seguir, completando a água deles e buscando por hotéis em Santa Vitória do Palmar. Aproximadamente 19h00 todos chegaram para poder esticar as pernas e saborear uma boa comida e um vinho de qualidade.
29 de abril, um dia mais leve, saÃmos por volta das 9h para aproveitar o primeiro horário dos Freeshops no Chuy, local onde nos perdemos um pouco no horário e atrasamos vendo vinhos e perfumes. Por volta de 11h seguimos para almoçar na primeira parada que houvesse. Cerca de 20km encontramos nossa primeira refeição no Uruguay, com dificuldade para escolher um prato, sentimos bastante a diferença de cultura entre os povos brasileiro e uruguaio. Comemos mal, pagamos caro mas fizemos amizade com a proprietária do restaurante. 14h quando saÃmos do restaurante, o vento estava moderado sentido contrário e levemente lateral, logo entramos na fortaleza Santa Tereza, ponto turÃstico que não poderÃamos deixar de conhecer. Conversando no local, decidimos ir até punta Del Diablo na esperança de um vento mais ameno no retorno. Fomos então alongar 10km para conhecer esta linda praia. Uma praia que na alta temporada fica repleta de brasileiros, e me lembra muito a praia do Farol de Santa Marta, pequena vila de pescadores com direito a pequenos barcos pesqueiros na orla e um ponta formada puramente de grandes pedras. Novamente nos perdemos no horário e quando chegamos novamente a Ruta 9 já era aproximadamente 17h e o vento havia aumentado, ao contrário que imaginávamos. Não havia o que fazer, tinha que encarar o vento no peito noite adentro, pois eram muitos quilômetros restantes ainda. Ao cair da noite mais um pneu furado, completamente no escuro Idalino e Bira ficam reparando o pneu enquanto sigo junto com Diego que preferiu não parar devido seu desgaste fÃsico. Neste os acompanhei até próximo da cidade de Rocha, sempre por último com pisca alerta ligado, ajudando na sinalização. No caminho comprei nosso jantar: alfajor, iogurte e barras de cereais. Restando cerca de 30km para chegarmos em Rocha, acelerei e os aguardei em um bar na chegada da cidade. Já eram quase 22h quando avistei as luzes das bicicletas, fomos direto para o hotel. Enquanto Idalino e Diego tomavam banho eu e Bira tomávamos vinho no restaurante ao lado do Hotel. Nos revezamos entre janta, vinho e banho. Não sabÃamos mais o que era prioridade nesse momento. Foram 3 garrafas de vinho, consumidas por mim e Bira, além de 1 prato de refeição, mais alguns pedaços de pizza e ainda saÃmos com fome. Caminhamos pela praça e caÃmos na cama como pedra.
Rocha
30 de abril, pela manhã caminhamos na cidade, conhecemos a história e cultura do pessoal, muitas casas antigas lembrando Pelotas, porém com as ruas mais estreitas. Por volta das 11h estávamos no hotel novamente arrumando as malas. Almoçamos em Rocha uma boa parrilha, mas novamente pedimos errado, dessa vez foi comida em excesso, especialmente costela bovina, mas comemos tudo da mesma forma. Novamente na estrada, seguà para La Paloma enquanto eles seguiam pela Ruta 9. A ruta que vai a La Paloma é linda, curvas e belo asfalto. Em La Paloma, um pequeno porto, um farol e algumas formações rochosas diferente de tudo que eu havia visto. A areia é grossa, porém atola fácil. Em partes da orla marÃtima a areia dava lugar as conchas. Em seguida segui para La Pedrera por uma estrada de terra, outra praia de beleza sem igual, conversei com um surfista que me explicou sobre as ondas gigantes da praia e me contou que adora ir para a praia do Farol de Santa Marta.
A partir dali segui para San Carlos, onde esperei pelo pessoal. Nos encontramos novamente na praça principal do municÃpio, o sol já estava se pondo e a temperatura baixando. Sentamos em uma sorveteria para repor as energias e decidir onde passarÃamos a noite.
Resolvemos por bem ir a Maldonado, onde terÃamos uma melhor infraestrutura e estarÃamos ao lado de Punta Del Lest. A chegada foi tarde e fria. Eu cheguei mais cedo e verifiquei os hotéis da cidade.
A janta foi na praça central regada a cerveja. Logo estávamos descansando em nosso hotel, o primeiro com conforto real durante a viagem.
Maldonado
Neste dia tÃnhamos tempo, irÃamos nos cruzar com a excursão vindo de Tubarão ao meio dia no restaurante El Ciclista em Punta Del Lest. Por volta das 11h chegamos ao litoral de Punta, foi uma grande alegria a todos da equipe ver aquele lindo mar, pedalamos pelo litoral algum tempo e em seguida fomos em busca do restaurante onde aguardamos…
Na excursão estavam todos curiosos para saber como havia sido a jornada dos últimos dias sobre as bicicletas. Saimos do restaurante por volta das 16h00 para dar entrada em nosso hotel em Punta Ballena e em seguida retornar ao centro de Punta Del Lest pedalando.
O por do sol foi sobre duas rodas entre Punta Ballena e Punta Del Lest com um tour
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Punta
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Montevideo
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